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Israel testemunha que Javé é Deus que se relaciona, um Deus, portanto relacional; por outro lado, sua incomensurabilidade (infinitude, transcendente) torna necessária algum nível de mediação para que haja contato possível com os humanos. Ao mesmo tempo que nos transcende, quer relacionar-se. Faça um breve comentário a respeito desta questão:
No Antigo Testamento, Deus é descrito como um ser profundamente relacional, que interage com sua criação. O SENHOR escolhe Abraão e faz um pacto com ele, prometendo bênçãos para ele e seus descendentes. Esse relacionamento de aliança se estende a todo o povo de Israel, onde Javé se revela como um Deus que escuta, responde, guia e se preocupa com o bem-estar do seu povo.
Entretanto, ao mesmo tempo que Deus está interessado em interagir com a humanidade, o SENHOR também é apresentado como um Deus infinitamente grande e além da compreensão humana. A transcendência divina é enfatizada em diversas passagens bíblicas, vetero e neotestamentárias. Essa incomensurabilidade sugere que Deus está além do alcance da experiência humana direta e imediata.
A necessidade de mediação surge dessa tensão entre a proximidade relacional de Deus e sua imensurável transcendência. Na tradição judaica, essa mediação ocorre de várias formas. Moisés é um grande exemplo de mediador entre Deus e o povo de Israel. Ele sobe ao Monte Sinai para receber a lei e serve como um intermediário que traz as palavras de Deus ao povo. Os profetas, por sua vez, são outros exemplos de mediadores, falando em nome de Deus ao povo e interpretando sua vontade.
Portanto, a fé bíblica abraça esse paradoxo: Deus é ao mesmo tempo íntimo e inefável, pessoal e imensurável. A mediação é a chave que permite aos humanos acessarem e relacionarem-se com um Deus que, por um lado, está além de toda compreensão, mas, por outro, deseja profundamente estar em relacionamento com sua criação.